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Belita, a Rainha dos Couratos

Blogue de receitas flexitarianas (carne, peixe e assim-assim)

Belita, a Rainha dos Couratos

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Sex | 28.04.23

Medicina de trazer por casa

 

A minha mãe é de uma aldeia de Sever do Vouga e desde que me lembro que vejo carqueja a crescer lá pelas matas e serras. Costumo apanhar um molhinho dela e, sempre que cozinho coelho, junto-lhe alguns ramos. A minha mãe sempre cozinhou coelho com carqueja, quem sou eu para fazer diferente, certo? Certo. Mas só recentemente comecei a ponderar acerca da questão, porque é que é costume juntar carqueja ao coelho... alguma razão há-de haver.

Vamos a factos:

A carqueja - Genista Tridentata (L) é uma planta da família das leguminosas aparecendo normalmente na Península Ibérica e Marrocos. As flores e caules podem ser usados em infusões e também na culinária. Antigamente a planta era usada para fazer a cama aos animais e também para o pasto dos mesmos, além de servir de fertilizante orgânico nas terras de cultivo. A carqueja floresce normalmente entre Março e Julho e dizem os antigos que as suas flores devem ser colhidas antes do S. João. Não vale a pena tentar a sorte...

Também se diz que o chá feito com as suas flores ajuda a emagrecer porque além de favorecer a digestão, dá uma sensação de saciedade prolongada. Também é bom para a prisão de ventre e para a rápida desintoxicação do fígado pelo que, após uma noitada de bebidas, nada melhor do que um chá de carqueja para ajudar com a ressaca (à falta do chá, um Guronsan faz maravilhas!)

As suas propriedades encontram-se quer seja usada por via oral como externamente; era costume fazerem-se pachos de chá de carqueja para ajudar a cicatrizar problemas de pele associados a acne e feridas de mordeduras dos animais. Já a ingestão do chá ajuda a tratar bronquites e constipações, dores de estômago e de cabeça, problemas de fígado e vesícula e ajuda a normalizar a tensão arterial.

O seu uso na culinária, nomeadamente associado a coelho e a aves de capoeira justifica-se por dar à carne um 'sabor a mato', uma espécie de mistura entre flores e resina, difícil de explicar sem ser provando.

 

Coelho com 2 Vinhos e Carqueja

 

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(antes de ir ao forno)

 

1coelho com cerca de 1kg

1 colher de sopa rasa de pimentão

1 colher de chá de coentros em pó

1/2 folha de louro

1 ramo grande de carqueja

100 ml de vinho branco

Piripiri q.b.

Sal q.b.

1 cebola

1 kg de batatas

1 raminho de orégãos frescos

100 ml de vinho do Porto

Azeite q.b.

 

Numa taça faz-se uma marinada com o coelho cortado em bocados e os restantes ingredientes da lista até ao sal. Reserva-se de um dia para o outro.

Para cozinhar coloca-se a cebola em meias luas no fundo de uma assadeira, seguindo-se as batatas - pequenas ou cortadas em bocados pequenos - o coelho e a marinada, os orégãos, frescos de preferência mas podem usar-se secos, o vinho do Porto e umas goladas generosas de azeite. Leva-se ao forno por cerca de hora e meia. Atenção para não deixar secar, se necessário acrescenta-se mais um pouco de líquido, pode ser água a ferver.