algas
Sempre tive o desejo de ser recolectora e em pequena medida é isso que faço quando apanho amoras silvestres, amaranto, urtigas e beldroegas, entre outras espécies de que nem sei o nome. Gosto de coisas à borla, que não tenha que pagar para comer e, principalmente, gosto de saber que se alguma vez precisar, precisar mesmo, me vou desenrascar com as ervas que entretanto aprendi a conhecer.
A minha última descoberta, e não me perguntem porque é que demorei tanto tempo a descobri-las, foram as algas. Estive de férias na minha muito querida e amada Galiza e numa das praias que costumo frequentar, onde raramente vejo outras pessoas porque o acesso não é o melhor, descobri que a maré vaza tinha deixado a praia cheia de algas. A primeira coisa que me veio à ideia foi a chatice de ter que caminhar sobre aquelas verduras todas para chegar à água mas depois comecei a pensar que se calhar aquilo que parecia um contratempo, podia transformar-se numa refeição. Pus-me a pesquisar acerca de 'algas comestibles en galícia' e descobri um mundo.
Ali mesmo à mão apanhei uma sacada de algas que levei para a casa onde estava hospedada e logo transformei em comida. Embora houvesse outras espécies, as que recolhi foram:
Dulse (Palmaria palmata)
Dedos de morto (Codium fragile)
Alface do mar (Ulva lactuca)
Fiz uma salada com as algas (a que dei previamente uma fervura, não fossem trazer alguns hóspedes microscópicos que depois ainda se alojavam no cérebro e eu já não sou muito fina, não quero tentar a sorte!), espargos brancos, cogumelos pleurotus salteados, aipo ralado em conserva, azeitonas, alface e frango desfiado, tudo temperado com molho balsâmico.
P.S: se eu algum dia não aparecer por aqui é porque quinei por ter comido alguma das coisas que a natureza nos dá e que eu acho que se os animais comem, eu também posso comer...
(alface do mar [verde vivo]; dedos de morto [verde escuro] e dulse [avermelhado])
(alface do mar)